Poucas são as occasiões em que se pode responder a uma pergunta relativa ao mundo exterior, só com o auxilio da nossa intelligencia. É certo que durante muitos seculos esteve paralyzado o progresso dos conhecimentos humanos, porque os homens se empenhavam em descobrir as cousas com as suas proprias intelligencias, em vez de estudar a natureza e ver o que ella nos mostra; mas a essa pergunta podemos responder com a nossa intelligencia, sem termos de nos incommodar a ir nada menos que até o fim do espeço, para isso. Quando começamos a pensar no limite do espaço, lembramo-nos que deve haver outro espaço mais para além. A nossa mente não pode conceber que o espaço tenha limites, porque temos necessariamente que pensar que, para trás, ha mais espaço. Tambem não podemos pensar no fim nem no principio do tempo. Por muito que queiramos retroceder com o pensamento, vemos sempre que deve ter havido tempo antes do limite em que pensamos, por muito remoto que seja; e embora o mundo acabasse, o tempo continuaria a decorrer depois d'este acontecimento. A propria natureza de nossa mente obriga-nos a pensar no espaço como em uma cousa infinita, e outro tanto podemos dizer com respeito ao tempo. Nem um nem outro teem limite.
(Thesouro da Juventude, Vol. XI, pág. 3354 - O Livro dos "Porquês")