domingo, julho 24, 2005

O grande mysterio do radio que os sabios procuram descobrir

Um homem muito distincto julgou, e com elle julgaram muitos outros, que o radio tirava do ar, cujos atomos se encontram num estado de constante agitação, uma parte da energia nelle contida, e que o radio de alguma maneira transformava em radiações calorificas a energia obtida por esta forma. Mas esta theoria foi inteiramente posta de parte, como uma especie de transformador de energia, que absorvia radiações, ondas ou movimento externo para transformar esta energia em calor.
(Thesouro da Juventude, Vol. XV, pág. 4598 - O Livro da Terra)

sexta-feira, julho 22, 2005

Como se pode fazer uma bolsa de umas luvas

É muito facil fazer de um par de luvas uma bolsa de pellica. As luvas hão de ser compridas porque apenas serve a parte de cima da pellica, que sempre está bem conservada, emquanto que os dedos, a maior parte das vezes, estão rotos. Temos que pedir a uma de nossas irmãs mais velhas, que nos dê um par de que já não precise, e havendo para escolher varios pares tem a preferencia a côr mais escura.
Beije, castanho, azul escuro ou preto são as côres a preferir porque não se enxovalham: e como a nossa bolsa vem a servir para guardar dinheiro é melhor uma côr escura. De luvas brancas póde se fazer uma bolsa para outro fim, por exemplo um saquinho para lenço ou outra coisa pequena para quando fôrmos ao theatro ou a uma soirée. De um dos lados da luva ha uma costura, com uma boa tesoura corta-se esta costura - de A a B na figura 1 - e estende-se a pellica. Esta boccado dá para um lado da bolsa e de outro lado obtem=-se um outro boccado de pellica egual. É preciso cortar as duas luvas do mesmo tamanho. Juntam-se os dois boccados e acertam-se, costas com costas, ficando com sete pollegadas approximadamente cada boccado. Sendo as luvas mais compridas ficam os boccados maiores. Tendo acertado a parte exterior precisamos de um fôrro para a nossa bolsa. Qualquer boccado de setim, seda,ou mesmo uma cor que não desmanche o conjuncto. Por exemplo uma bolsa beije fica bem forrada de verde ou castanho, azul escuro com um fôrro lilaz ou rosa; uma bolsa preta forra-se de branco ou escarlate. Para um sacco branco escolhe-se uma côr mimosa azul pallido, côr de rosa ou branco. Estas são apenas umas indicações, pois podemos escolher a côr que mais nos agradar. Póde-se escolher uma côr que vá bem com um vestido ou chapéu. Havendo retalhos em seda ha muito por onde escolher. Precisamos de mais um metro de cordão de seda da côr do fôrro para fechar a bolsa.
O fôrro corta-se um pouco maior do que a pellica cosendo-se os tres lados como mostra a figura 2. Junta-se a pellica e cose-se egualmente os tres lados ficando os pontos á vista. Na figura 3 vê-se o ponto a empregar nesta costura. Mette-se a pelica para dentro e cose-se com um retroz grosso da côr do fôrro. Os pontos devem ficar muito certinhos e um pouco grandes. Depois d'isto feito mette-se o fôrro, e cose-se com o mesmo ponto dos lados - figura 4. Deixa-se uma abertura para a corda passar com duas ordens de pespontos, deixando um espaço de dois centímetros para fazer o folho. O espaço entre os pespontos deve ter um centímetro. A seguir fazem-se duas casas de lado a lado, e mette-se o cordão com uma agulheta, e a bolsa está prompta. Se o cordão não cabe na agulheta por ser um pouco grosso cose-se o cordão á agulheta. Dando-se duas voltas de cordão a bolsa abre e fecha melhor, pois puchando pelo cordão a bolsa fecha automaticamente.
Querendo variar o feitio da bolsa é facil cortal-a d'outro feitio, e para qualquer outro uso. Por exemplo um sacco de pellica preta e forrado de velludo preto póde servir para uns oculos. D'este tamanho póde-se fazer com uma dobra que fecha com um botão e uma presilha. Uma bolsa feita do feitio de um sobrescripto é muito util a quem fôr pescar. Forrada com um boccado de seda encerada faz um optimo receptaculo para iscas e arame fino. Esta bolsa póde fechar do mesmo modo do sacco para oculos.
(Thesouro da Juventude, Vol. XV, pág. 4659 - Cousas que Podemos Fazer)

O Falso Preto

Dois jovens irmãos, serralheiros de officio, embarcaram para Jamaica, onde procuraram occupação. Vendo-se sem dinheiro para se estabelecerem, tiveram uma ideia engenhosa para o obter. Um d'elles que tinha os cabelos muito crespos, disfarçou-se de preto, tingiu a cara e o corpo, e seu irmão levou-o a casa d'um banqueiro ao qual pediu emprestadas cincoenta libras sobre a venda d'aquelle negro. Como este era forte e vigoroso o irmão conseguiu o emprestimo e, assim que se viram com o dinheiro, o falso preto fugiu da casa do banqueiro. Em vão offereceram os jornaes recompensas a quem o encontrasse, pois estava agora, bem branco.
Os dois irmãos abriram a sua loja, ganharam bem, e voltaram ricos para o seu paiz. Antes de sahirem restituiram ao banqueiro o seu dinheiro, e contaram-lhe a anedocta do falso preto.
(Thesouro da Juventude, Vol. XV, pág. 4906 - O Livro dos Contos)

quinta-feira, julho 21, 2005

Chegaremos a descobrir o grande segredo da natureza?

Temos, pois, provas de que existem duas espécies de attracções, a elétrica e a magnética, que se exercem atravez do ether. Ha ainda uma terceira especie de attracção, que é a attracção chimica, em que os atomos de um elemento se unem aos do outro para formar um composto, ás vezes com grande energia e producção de luz e calor. Todos os chimicos sabem que essa attracção chimica, cuja força pode ser tão poderosa, é realmente de natureza electrica. Produz-se atravez do ether.
Se nos vemos, pois, forçados a admitir que no ether se produzem attracções electricas a que se devem attribuir os effeitos da electricidade positiva e negativa, os effeitos do magnetismo e a propria affinidade chimica, basta apenas dar um passo mais para suppor-se que tambem é electrica outra especie de attracção a que damos o nome de gravidade, e que também se ha de exercer por intermedio do ether. Podemos arriscarmo-nos a predizer que muitos dos que leem estas paginas viverão o bastante para ver como é revelado ao homem, no sentido que acabamos de indicar, o grande mysterio da gravidade.
(Thesouro da Juventude, Vol. XVIII , pág. 5698 - O Livro da Terra)

segunda-feira, julho 18, 2005

Borboleta Pregadeira

Vamos fazer hoje uma linda pregadeira em forma de borboleta, de que certamente hão-de gostar. As azas d'este precioso animalsinho apresentam-se com as mais variegadas cores e com as formas mais variadas; de modo que, sem nos afastarmos da realidade, podemos fazel-as como nos appetecer.
Ficarão satisfeitos sendo de velludo azul? As folhas do livrinho (porque essa borboleta abrir-se-ha como um livro) serão de cambraia branca ou de flanella muito fina, sendo preciso alem d'isso um pouco de cretonne bem forte para cobrir as azas.
Desenharemos primeiro num papel os contornos da borboleta, tendo como modelo a presente gravura, o que se nos afigura extremamente facil. Depois, com o modelo, cortaremos a borboleta de velludo, que nos servirá para capa do livro, e também quatro boccados eguaes de cambraia para as azas e um de cretonne. Talvez tenhamos um apparelho de pyrogravura; neste caso, podemos pyrogravar o contorno das azas, as linhas transversas e o contorno do corpo. As azas podem apresentar algumas manchas brancas, o que facilmente se obtem apertando o velludo com a ponta d'um dedal ou com qualquer objecto redondo.
O livrinho formar-se-ha pondo o velludo como capa, depois o cretonne, e por ultimo as folhas de flanella ou de cambraia; feito isto cose-se tudo com linha de cor escura, em volta do corpo da borboleta, com pontos largos, tendo cuidado em cerzir bem as voltas. Se tivermos uma caixa com tintas e um pouco de habilidade, ainda poderemos embellezar mais a borboleta, pintando-a com cores brilhantes.
(Thesouro da Juventude, Vol. I , pág. 314 - Cousas que Podemos Fazer)

domingo, julho 17, 2005

Porque é que morremos?

Por lei natural, falando aqui como naturalistas e não como theologos, a morte é a condição geral da vida, e até diriamos que principia com esta; de modo que, ainda que os homens apprendam a evitar as doenças, e a morte por velhice seja tão vulgar como é rara actualmente, ainda subsistirá o grande facto da morte; e, embora esta chegue a ser uma cousa muito differente da morte dos nossos dias, cujo mais terrivel distinctivo é ser excessivamente prematura, quasi sempre ficará por resolver o mesmo problema que tem preoccupado todas as pessoas estudiosas em todas as epochas. Se estudarmos, attentamente, não só a vida do homem, mas também toda a vida da terra, talvez possamos começar a entrever uma resposta satisfactoria.
Por outro lado, parece que a morte é como que uma condição neccesaria para que a vida se reproduza; é facil ver que toda a morte é principio de nova vida sobre a terra; que nada, na realidade, se consome ou se perde; e se não fossem a morte e os nascimentos, a vida nunca poderia desenvolver-se nos mais humildes animaes e plantas, desde os seus mais baixos principios até ao que é actualmente. Nas nossas proprias vidas podemos observar que existem grandes compensações para a morte. Se não existisse a morte não haveria nascimentos, porque não haveria logar para as creanças, e um mundo sem creanças talvez não fosse digno de que vivessemos nelle.
A questão primacial para todos os seres vivos é, indubitavelmente, a alimentação. O ar é egualmente necessario, mas pode obter-se sempre em toda a parte; o sustento, porém, não abunda da mesma maneira. A causa mais vulgar da morte entre os seres inferiores, quer sejam plantas ou animaes, é a fome, a qual affecta especialmente os novos rebentos d'esses seres, cuja maioria morre de inanição.
(Thesouro da Juventude, Vol. VII, pág. 2239 - O Livro dos "Porquês")